Autonomia e Automação

 

“Sereia Lab: Canções do Apocalipse” reinicia o laboratório de pesquisa de automação, dessa vez com o foco na performance musical. One woman show é um super desafio e nos casos de grande sucesso acredito que nenhum desses desafios são preparados por uma só pessoa. Desde novembro passado reuni experimentos sonoros na Audio Rebel, enquanto os arranjos das canções ainda precisavam ser muito trabalhados. Em maio pude dar mais atenção aos arranjos de programação, enquanto em julho procurei reintegrar alguns dos experimentos sonoros da primeira etapa, apresentando também algumas das canções da segunda etapa.

Esse trabalho todo andaria muito rápido com financiamento, pois todos os profissionais necessários para depurar este Live Set estão “correndo atrás” de trabalhos pagos. Este é um eterno ciclo vicioso que detém muitos artistas, então autonomia é necessária para conseguir produzir sem depender das disponibilidades alheias.  Claro que alguns artistas se mostram mais preparados para os padrões que o mercado requer, e a questão da autonomia vêm muito do capital, financeiro, cultural, emocional, do ponto de partida de cada um.  Mas estes padrões são também construídos e determinam os julgamentos e percepção de valor.

Desde que comecei a botar a mão nos recursos eletrônicos chamo de laboratório, o Lab da Sereia porque reconheço um mundo de possibilidades, tanto na programação e automação do sistema, como na forma de estruturar os arranjos, fato que torna cada apresentação única e diversa das anteriores.

Ao que percebo, desde uma extensa trajetória, é que a cultura brasileira e carioca têm demonstrado dificuldade em lidar com o diferente. Precisam sempre rotular: “esse projeto já aconteceu”, entre outras afirmações que, intencionalmente ou não, condenam o artista que não trabalha com demandas de mercado, ao ostracismo. Na verdade entram aí questões delicadas de competitividade no mercado, preconceitos e lutas por manutenção de certos territórios institucionais. Assunto que merece muito debate político…

Como vamos lidar com isso?  😉

                      Fotos: Giovanni Darienzo

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